terça-feira, 30 de junho de 2009
O dono da minha Casa...
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.
Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência, entregando a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Obá, a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela abandone Oxossi; e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou.
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Oyó, filho de Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó (Nigéria), posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.
Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se na floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro - a cadeia das gerações humanas. E ele se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é filho de Oxalá, tendo Yemanjá como mãe.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Yemanjá. Diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.
CARACTERÍSTICAS
Cor Marrom (branco e vermelho)
Fio de Contas Marrom leitosa
Ervas Erva de São João, Erva de Santa Maria, Beti Cheiroso, Nega Mina, Elevante, Cordão de Frade, Jarrinha, Erva de Bicho, Erva Tostão, Caruru, Para raio, Umbaúba. (Em algumas casas: Xequelê)
Símbolo Machado
Pontos da Natureza Pedreira
Flores Cravos Vermelhos e brancos
Essências Cravo (flor)
Pedras Meteorito, pirita, jaspe.
Metal estanho
Saúde fígado e vesícula
Planeta Júpiter
Dia da Semana Quarta-Feira
Elemento Fogo
Chacra cardíaco
Saudação Kaô Cabecile (Opanixé ô Kaô)
Bebida Cerveja Preta
Animais Tartaruga, Carneiro
Comidas Agebô, Amalá
Numero 12
Data Comemorativa 30 de Setembro
Sincretismo: São José, Santo Antônio, São Pedro, Moisés, São João Batista, São Gerônimo.
Incompatibilidades: Caranguejo, Doenças
Qualidades: Dadá, Afonjá, Lubé, Agodô, Koso, Jakuta, Aganju, Baru, Oloroke, Airá Intile, Airá Igbonam, Airá Mofe, Afonjá, Agogo, Alafim
ATRIBUIÇÕES
Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.
As Características Dos Filhos De Xangô
Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.
Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha.
Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura;
A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra.
m termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô são tidos como grandes conquistadores, são fortemente atraídos pelo sexo oposto e a conquista sexual assume papel importante em sua vida.
São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo.
Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião.
Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam, portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados, porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida, mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual.
Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades.
Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários, gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável.
COZINHA RITUALÍSTICA
Caruru
Afervente o camarão seco, descasque-o e passe na máquina de moer. Descasque o amendoim torrado, o alho e a cebola e passe também na máquina de moer. Misture todos esses ingredientes moídos e refogue-os no dendê, até que comecem a dourar. Junte os quiabos lavados, secos e cortados em rodelinhas bem finas. Misture com uma colher de pau e junte um pouco de água e de dendê em quantidade bastante para cozinhar o quiabo. Se precisar, ponha mais água e dendê enquanto cozinha. Prove e tempere com sal a gosto. Mexa o caruru com colher de pau durante todo o tempo que cozinha. Quando o quiabo estiver cozido, junte os camarões frescos cozidos e o peixe frito (este em lascas grandes), dê mais uma fervura e sirva, bem quente.
Ajebô
Corte os quiabos em rodelas bem fininhas em uma Gamela, e vá batendo eles como se estivesse ajuntando eles com as mãos, até que crie uma liga bem Homogênea.
Rabada
Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em rodelas bem tirinhas, junte a rabada cozida. Com o fubá, faça uma polenta e com ela forre uma gamela, coloque o refogado e enfeite com os 12 quiabos enfiando-os no amalá de cabeça para baixo.
Xangô - Meu Pai - Meu tudo.....
Shango ou Sango, é Orixá, de origem Yorubá. Seu mito conta que foi Rei da cidade de Oyo, identificado no jogo do merindilogun pelos odu obará, ejilaxebora e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba xango.
Pierre Verger dá como resultado de suas pesquisas que: Shango ou Xangô, como todos os outros imolè (orixás e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.
Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian.
Shango, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yemanjá como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Oxum e Obá.
Shango orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de xangô.
- Sacerdote de Sango - Magba
- Sacerdotisa de Sango - Iya Magba
- Atabaque de Sango - Ilu bata
- Toque favorito - Alujá
- Fruto favorito - Orogbo
- Bichos - Akunko, Agutan, Ajapá
- Comida - Amalá
A característica do orixá do trovão é dada para a divindade Ayrà na cidade de Savé na região Mahi, região situada no Benin, antigo Dahomé, para Oramfé na cidade de Ifé na região Ijexá e para Xangô na cidade de Oyo na região Yorubá, regiões situadas na Nigéria.
Xangô foi o quarto rei lendário de Oyo (Nigéria, África), tornado Orixá de caráter violento e vingativo, cuja manifestação são os raios e os trovões. Filho de Oranian, teve várias esposas sendo as mais conhecidas: Oyá, Oxum e Obá. Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes. É tido como um Orixá poderoso das religiões afro-brasileiras.
Enquanto Oxossi é considerado o Rei da nação de ketu, Xangô é considerado o rei de todo o povo yorubá. Orixá do raio e do trovão, dono do fogo, foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele um dos Orixás que exerce poder sobre os mortos. Xangô é a roupa da morte, por este motivo não deve faltar nos Egbòs de Iku e Egun, o vermelho que lhe pertence.[carece de fontes?]Ao se manifestar nos Candomblés, não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.
Xangô era forte, valente, destemido e justo. Era temido, e ao mesmo tempo adorado. Comportou-se em algumas vezes como tirano, devido a sua ânsia de poder, chegando até mesmo a destronar seu próprio irmão, para satisfazer seu desejo. Filho de Yamasse (Torosi) e de Oraniã, foi o regente mais poderoso do povo yorubá. Ele também tem uma ligação muito forte com as árvores e a natureza, vindo daí os objetos que ele mais aprecia, o pilão e a gamela, sendo que o pilão de Xangô deve ter duas bocas, que representa a livre passagem entre os mundos, sendo Xangô um ancestral (Egungun). Da natureza, ele conseguiu profundos conhecimentos e poderes de feitiçaria, que somente eram usados quando necessários. Tem também uma forte ligação com Oxumaré, considerando ele como seu fiel escudeiro.
Xangô é cultuado no Brasil, sob 12 (doze) qualidades. Vale salientar, que muitos seguem cegamente as ditas qualidades de Xangô da Bahia, e não é bem assim por exemplo Airá é um outro Orixá que não se dá com Xangô[carece de fontes?].Reza a lenda que Ayra era muito proximo de Xango, e quando Oxalufã, em visita ao reino de Xango foi erroneamente confundido com um ladrão e teve suas pernas quebradas e preso, uma vez Xango percebendo o engano, mandou que o tirassem da prisão e limpassem Oxalufã, e dessem vestimentas condizentes a grandiosidade de Oxalufã, porém Oxalufã estava viajando e teria ainda outros lugares para ir, porem por ser muito velho e agora com as pernas tendo sido quebradas, a locomoção havia sido afetada, fazendo que Oxalufã andasse curvado e muito vagarosamente. Xango então mandou que Ayrá levasse Oxalufã nas costas até a proxima cidade. Ayrá percebendo ali a sua grande chance, durante o caminho se voltou contra Xango, falando a Oxalufã que Xango sabia que ele estava preso e acabou por ganhar a confiança de Oxalufã, que o tomou para si, razão pela qual Ayrá usa branco, mas nao é um fum-fum. Xango que nao suporta traições se irritou com a atitude de Ayrá cortando relações e por essa razão eles não são cultuados da mesma forma, apesar de no Brasil Ayrá ser feito junto com Xango, porque realmente nao há problemas desde que suas coisas estejam certas, porem na africa Ayrá é feito separadamente como um Orixá, com suas qualidades e pompas. As qualidades de Xangô são essas:[carece de fontes?]
- Obá Afonjá - Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império. Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Oyo.
- Obá kosso - Nesse momento, Xangô, casa-se com Obá e funda a cidade de Kosso, nos arredores de Oyò, tornando-se seu Rei.
- Obá Lubê - Nesse momento, Xangô, destrona seu irmão Dadà Ajakà, e assume o trono de Oyò. Época de grande expansão do império de Oyò.
- Obá Irù ou Barù - Nesse momento, Xangô chega ao apogeu do império, cria o culto de Egungun, grande expansão, é o senhor absoluto dos raios e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino com os raios numa crise de cólera, e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra da mesma forma que Ogun, daí o nome Obà Irù "Rei sepultado".
- Obá Ajakà - Também intitulado Bayaniym," O pai me escolheu ", que faz referência a ele por ser o filho mais velho de Oraniã, e ter por direito que assumir o trono, irmão mais velho de Xangô.
- Obá Arainã - Personificação do fogo.
- Obá Aganjù - Ele representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões.
- Obá Orungã - Filho de Aganjù com Yemanjà, violentou a própria mãe quando Aganjù não estava, este Orixá é o senhor do Sol.
- Obá Ogodô - Tio de Xangô, por parte materna, rege os trovões os tremores de terra.
- Obá Jakutà ou Djakutà - Esse Orixá, é a representação da justiça de Olorun, miticamente Xangô foi iniciado para este Orixá, é muito explosivo e justiceiro.
- Obá Oraniã - Pai de Xangô, foi ele quem fundou o reino de Oyò, em muitas lendas, ele é o criador do mundo, é um guerreiro muito poderoso.
- Olookê - Orixá dono das montanha, em algumas lendas é um dos filho de Oraniã, foi casado com Yemanjá.
- Saudação: Kawó-Kabiesilé Saudação é a forma com que os Orixas são reverenciados;
- Cores: Vermelho e Branco ou Marrom e Branco ou somente Marrom ou vermelho.As cores representam os Orixas, e podem variar segundo a linha religiosa;
- Dia da Semana: Quarta-Feira;
- Elementos: Fogo, vulcões, trovões, raios, criador do Culto de Egungun, senhor dos mortos, desertos e formações rochosas;
- Ferramenta: Oxê, machado duplo de dois cortes laterais feito e esculpido em madeira ou metal;
- Pedra: Meteorito;
- Domínios: Justiça, Poder Estatal, Questões Jurídicas, Pedreiras;
- Oferendas: Amalá, cágado, carneiro, e algumas vezes cabrito. Gosta de Orobô, mas recusa Obi (noz de cola), ao contrário dos demais Orixás;
- Dança: Alujá, a roda de Xangô. São vários toques que falam de suas conquistas, seus feitos, suas mulheres e seu poder e domínio como Orixá.
- Cultura afro-brasileira
Sincretizado com São Jerônimo, devido a presença das formações rochosas, de um livro e do Leão (animal de forte associação com o orixá). Pode ainda vir sincretizado com São Judas Tadeu (devido a presença do machado, e do livro) e com São João Batista devido a semelhança de personalidade com o orixá. São João é comemorado com fogueiras, festas, está sempre com um carneiro...assim como o Orixá Xangô. Em Cuba, Xangô sincretiza-se com Santa Bárbara...mas aqui no Brasil Santa Bárbara representa Iansã.
- Os livros representam Xangô porque este orixá está ligado as questões da razão, do conhecimento e do intelecto. Bem como a Justiça e o Direito.
- Animais associados a Xangô são: Tartaruga, Carneiro, Leão.
ÒSUN
Orikí de Òsun em Kétou
Iya mi ogugbe lewa
Ide fi oju ta ina
Iyalode se awo boto
Oni ki olode
Iya mi o se ayo se aremon
Elepe okun maro elefu
Iya won si on si on
Omo ni owo filelowo
Tradução
Minha mãe é bela, muito bela.
Cobre de olhos fulgurantes.
Iyalode cuja pele é muito lisa.
Quando ela sai, todo mundo a saúda.
Minha mãe, que cria o jogo de ayo e cria o jogador.
Elepe okun maro elefu.
Mãe, todo mundo está com você.
O filho entregará o dinheiro em sua mão.
Orikí de Òsun na cidade Aja Wèrè.
Òsun ekineido
A gbo oru oko
Olo kiki eko
Oni omode odò
A Wa yanrin wa yanrin ko wó si
Olo oya iyun
Tradução
Òsun ekineido.
Ela pega o calor de seu marido.
O senhor saúda a senhora do acassa.
Que tem filhos pequenos no rio.
Ela trás areia, trás areia na mão, e não deixa de cuidar de mim.
Dona do pente de coral.
Conceitos Africanos da Divindade
Òsun é a divindade do rio de mesmo nome que corre na Nigéria, em Ijesá e Ijebú. (Olhem no mapa estas regiões!). Uns dizem que o rio Òsun não é navegável, outros que há uma reza que permite atravessá-lo mas não subi-lo ou descê-lo. Numerosos lugares entre Igède, onde nasce o rio Leke, onde ele deságua na lagoa, são os locais, denominados ibú (profundos), considerados de residência de Òsun. Era, segundo alguns historiadores, a segunda mulher de Sangó, tendo vivido com Orunmilá.
Òsun é chamada de Ìyálóòde, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade. Além disso, ela é rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre a água doce, sem a qual a vida na terra seria impossível. Os reis Awùjalè de Ijebú-Eré, em Ekití e de Ijebú-Odé, em Ijebú, saúdam Òsun, dizendo: Ìyámi.
Crocodilos com certas marcas lhe são consagrados e considerados seus mensageiros. Em tempos de necessidade são feitos sacrifícios humanos a Òsun.
Laços muito estreitos existem entre Òsun e os reis de Ósógbó. Neste lugar, a festa anual das oferendas a Òsun é uma revitalização do pacto que o primeiro rei local contraiu com o rio. É a comemoração pela chegada de Laro, fundador da dinastia, às margens deste rio cujas águas correm permanentemente. Após seu estabelecimento na região, uma das filhas de Laro foi banhar-se neste rio e desapareceu sob as águas. Reapareceu no dia seguinte, soberbamente vestida, declarando ter sido muito bem recebida pela divindade do rio. Em gratidão, Laro dedicou-lhe oferendas. Muitos peixes vieram comer, em sinal de aceitação. Um peixe que nadava próximo, cuspiu-lhe água. Laro recolheu a água em uma cabaça e bebeu, fazendo então uma aliança com o rio. Estendeu então as duas mãos para o rio e o peixe saltou sobre elas. Laro recebeu então o título de Atáója contração da frase yorubá: A téwó gbáà ejá (ele estende as mãos e recebe o peixe). Laro respondeu: Òsun gbo (Òsun está em estado de maturidade, suas águas serão sempre abundantes). Esta é a origem da palavra Ósógbó. Fora desta festa anual, são feitas oferendas a Òsun a cada quatro dias. A festa anual retorna , portanto, a cada noventa e duas semanas yorubá.
As mulheres que desejam ter filhos dirigem-se a Òsun, pois ela controla a fecundidade, graças aos laços mantidos com Iyámi-Àjè (minha mãe feiticeira). Relembremos aqui o itan de Osetuwá.
Com efeito, Òsun é um poderoso Òrìsà genitor do lado esquerdo, e é considerada como a mais eminente das Ìyá. É ligada particularmente à procriação e, nesse sentido, ela está associada à descendência no aiyé. Ela é a patrona da gravidez. O desenvolvimento do feto é colocado sob sua proteção como o do bebê até que ele comece a guardar conhecimentos e linguagem. O texto abaixo confirma esta função fundamental de Òsun:
Nígba ti àun ó sí mo bò láti òdò Olódumaré un ló kó okú omo lé lówó wipé eni ti Òrìsà bá sédá kalè tán, bi Òsun yó se móo pin omo fun gbogbo àwon ti omo kò bá fé gba inú won wáyé. Àti bi omo bá nwá nínú, eni ti ó mo se ìtójú rè tí kò fi ni í móo rí ìdàànú titi o fi móo wáyè. Tó bá sì wà sí aiyé náà, nigbà ti kò tíi ní oye tí kò i tí mò èdèé fò, gbogbo ònà àwòyè rè Òsun ni wón kó okún omo lé lowo. Kò sì gbodò binu eníklan pé elèyí ni òtá mi, kò ye kó bimo tàbi elèyi ni òré mi. Isé ti won rán Òsun oùn nìyi, òun ni ÌYAMI àkókó òun si Olùtójúu àwon omo láti núi títí di ìgbà tí yí ni òye tàá npè ni àwoòyè Òsun ni álàwóyé omo. Bi Òsun ò tí se gbódò bá enikan sòtá nìyì.
Tradução:
No tempo da criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun, Olódumaré confiou-lhe o poder de zelar por cada uma das crianças criadas por òrìsà que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela não estar dotada de razão e não estar falando alguma língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Òsun. Ela não deveria encolerizar-se com ninguém a fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar a gravidez a um amigo. A tarefa atribuída a Òsun é como declaramos. Ela foi a primeira Ìyami, encarregada de ser a Olùtójú awon omo (aquela que vela por todas as crianças) e a Álàwòyè omo (aquela que cura as crianças). Òsun não deve vir a ser inimigo de ninguém.
Por ser patrona da gravidez, Òsun está ligado ao fluxo menstrual, ao sangue vermelho que é o seu ase principal e às atividades que regem e representam este fluxo.
É devido a seu simbolismo materno que ela é saudada como Yèyè, sendo ye ou ya uma das difundidas raízes da língua Yorubá significando mãe e fazendo parte de muitas palavras desde os dialetos protobantu a fulani.
Vários textos (cantigas, orikí, itan e mitos) referem-se a ela como chefe supremo do poder ancestral feminino, fazendo dela a cabeça da sociedade Ìyami chamadas também Ìyá-àgbà (mães anciãs), da sociedade Egbé Eleye. É também chamada de Ìyami Àkókó mãe ancestral suprema.
Òsun é a patrona dos peixes, considerados seus filhos. Festivais anuais são realizados fora dos terreiros à beira mar ou em cursos de água para assegurar uma boa pesca e tornar propícios Òsun e outras divindades associadas à água como Yemonjá e Oya. Òsun, além de ser representada como um peixe, também está associada aos pássaros, como todas as Ìyami. Da mesma forma que os peixes, os pássaros a representam e são seus filhos. Estes são simbolizados pelas penas da mesma forma que os peixes pelas escamas. Seu corpo mítico está coberta de escamas ou de penas, pedaços do corpo materno capaz de separar-se, símbolos da fecundidade e procriação.
O poder de gestação de Òsun é tão grande que o próprio Òrìsànlá saudou-a fazendo dòdòbálè, alongando-se no solo, tocando-o com o peito em sinal de respeito e submissão:
Òdòfin dòdòbálè kobinrin
Òdòfin (Òrìsànlá) saúda prostrando-se frente à mulher.
Assim, o vermelho representa: poder de realização, o ase da gestação humana, animal, vegeta e mineral; o ase da terra também simbolizado por suas águas que o transportam. A gestação significa abundância, riqueza. A cor de Òsun é o pupa ou pon, que, em Nagó, significa tanto vermelho como amarelo. Pón ròrò é o amarelo dourado de Òsun. O amarelo é uma qualidade do vermelho, claro e benéfico, significando também está maduro. Uma outra maneira de dizer vermelho é pupa eyin, literalmente gema de ovo. Realmente, o ovo é não só um dos símbolos de Òsun, mas também o símbolo por excelência das Ìyá agbá, ancestres femininos.
Todos os metais amarelos pertencem a Òsun, o ouro e principalmente o bronze (ide) metal com que são manufaturados seus braceletes e o leque (abèbè). O amor de Òsun pelo cobre, o metal mais precioso no país yorubá nos tempos antigos, é mencionado em uma de suas saudações:
Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço
É uma cliente dos mercadores de cobre.
Òsun limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos.
Òsun é adorada sob nomes diferentes e com características distintas.
Yèyè Odò, perto da nascente do rio
Òsun Ijùmú, rainha e com estreita ligação com as Ìyami-àjé
Òsun Àyálá ou Òsun Ìyánlá, a Avó, que foi mulher de Ògún
Òsun Ósógbó, cuja fama é grande por ajudar mulher a ter filhos. Tem orelhas grandes para ouvir os pedidos e olhos grandes para tudo ver.
Òsun Abalú, a mais velha de todas
Òsun Ajagira, velha e brigona
Yèyè Oga, velha e brigona
Yèyè Olóko, que vive na floresta
Yèyè Morin ou Iberin, feminina e elegante
Yèyè Pòpòlókun, cujo culto é realizado próximo à lagoa.
Na realidade são pequenas aldeias que beirão o rio Òsun e cultuam o Òrìsà com nomes diferentes mas na realidade e o mesmo Òrìsà.
Conceitos Brasileiros da Divindade
É a filha predileta de Òrìsàgiyan e de Yemonjá. Alguns dão Òsun por fruto de uma relação ilícita de Yemonjá com Orunmilá, ou, em outros versões, como mulher deste último. Ela está, portanto, ligada ao jogo divinatório. Os mitos mostram-nos Òsun casada com Odé e mãe de Logun Èdè; às vezes ela cria Yansan outras vezes, na qualidade de co-esposa de Odé com Yansan, ela cria os filhos que esta última abandona. Òsun, mulher volúvel, engana Odé com Sangó, razão pela qual, desgostoso, o deus da caça resolve viver sozinho na floresta. Ela seduz Omulu, deixando-o perdidamente apaixonado e obtém dele que afaste a peste do reino de Sangó. mas Òsun é unanimemente considerada como a esposa de Sangó que por ela apaixonou-se; e como rival de Oya/Yansan e de Obá com as quais disputa os favores do senhor do trovão. O dia da semana consagrado a Òsun é o sábado e é saudada pela expressão Ore Yèyè o!!! (Chamemos a benevolência da mãe).
Òsun é a deusa dos rios, fontes e regatos, das águas que nascem da terra. Não é uma divindade das águas salgadas, embora receba em dezembro um presente no mar, juntamente com Yemonjá.
Òsun é essencialmente a divindade das mulheres e preside às funções fisiológicas femininas, à gravidez, à menstruação, ao parto. Pode castigar suas filhas provocando-lhes hemorragias ou tirando-lhes a menstruação antes do tempo. Òsun olo kiki eko (dona de muito ekódide), transformou o sangue da governanta de Obatala/Òrìsànlá em ekódide, pena do papagaio da Costa cuja cor vermelha é associada ao sangue menstrual, e que evoca a idéia do nascimento, da fecundidade e da riqueza. Desempenha importante função nos ritos de iniciação.
Seu abèbè é geralmente enfeitado com um pequeno peixe ou uma sereia. Generosa, nada recusa, e nunca se enfurece, o que pode acontecer com Yemonjá.
Seu pássaro é o adàbà, tipo de pombo de olhos vermelhos.
Òsun desempenha importante papel no jogo de búzios, pois é ela quem formula as perguntas às quais Esu responde, como explicam diversos mitos.
O ovo sobretudo é consagrado a ela, por representar a gestação.
Divindade calma, veste-se sempre de cores claras, de preferência amarelo que é a sua cor consagrada. Porém, dependendo de sua qualidade, Òsun guerreira pode vestir-se de cor rosa. Òsun velha de branco e azul claro. Òsun Ijumu, por exemplo, usa uma saia azul claro, òjá e adé cor de rosa. Òsun leva na mão direita seu leque ritual.
Òsun dança os ritmos Ijesá, com passos miúdos, segurando graciosamente a saia. O toque ijesá é ritmado como o balanço das águas tranqüilas. Imita o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora que vai ao rio se banhar, enfeita-se com colares, agita os braços para fazer tilintar os braceletes, abana-se e contempla-se com satisfação em um espelho.
No Brasil oferece-se a Òsun cabras, mulukun (mistura de cebola, feijão fradinho, sal e camarões) e de adún (farinha de milho misturada com mel de abelha e azeite).
Ela é sincretizada como Nossa Senhora das Candeias na Bahia e Nossa Senhora dos Prazeres no Recife. No Rio de Janeiro é sincretizada como N. S. da Conceição (Imaculada Conceição ou N. S. da Conceição Aparecida)
Registra-se no Brasil, dezesseis Òsun:
Yèyè Abalú, a mais idosa, chefe das mulheres
Ijímù, também é uma Òsun velha, representa a avó.
Ìya Omi é idosa, é aquela que faz perguntas a Esu
Aboto, muito jovem e vaidosa.
Opará é a mais jovem das Òsun, e do tipo guerreiro que acompanha Ògún ou Sangó
Ajagùrá, guerreira, jovem, casada com Aganjú, é rival de Ìyasan
Yèyè Oke, também guerreira
Epondá ou Ipondá guerreira casada com Ode Ibúolomo, mãe de Logun Edé.
Yèyè Odo é a que reside nas fontes
Yèyè Ogá é idosa e rabujenta
Èwuji maternal e generosa
Yèyè Ipetú deve ser Oya Petu
Yèyè Karé, muito guerreira
Yèyè Onìírà, muito guerreira
Yèyè Oloko que mora no mato
Yèyè Iberin ou Merin, muito feminina e elegante
Yèyè Lokun que não baixa na cabeça das pessoas
Mas Òsun é apenas uma.
ORIKI
Ela faz por alguém aquilo que o médico não faz.
Òrìsà que cura a doença com água fria.
Se ela cura a criança, não apresenta a conta ao pai.
Podemos permanecer no mundo sem temor.
Iyalode que cura as crianças, ajude-me a ter um filho.
Ela é testemunha da felicidade renovada de alguém.
Ela diz à cabeça má que se torne boa.
Quando Òsun vai embora, ela me chama e segura minha mão.
Mulher descontente no dia em que seu filho briga.
Òsun não consente que as coisas más do mundo recaiam sobre mim.
Com as pessoas, ela desvenda de onde vem a maldade
Ele tem remédios gratuitos e dá mel às crianças.
Ela segue aquele que tem filhos sem o deixar.
Ela permanece na galeria da casa e ensina as crianças aquilo que elas não sabem.
Ela tem um pátio interior onde vamos receber sua bênção.
Alguém junto a quem eu me refugio.
Ela chega e a perturbação se acalma.
ITAN
Havia um guerreiro que queria atacar seus inimigos de um povoado distante com o objetivo de conquistar mais e mais terras, porém o guerreiro e sua tropa teriam que atravessar um rio largo. Esse rio tinha o nome ÒSUN.
Ao chegar às margens do rio Òsun, o guerreiro e seu exército notaram que seria impossível atravessar pois o rio estava muito cheio e transbordando. Preocupado, o guerreiro consultou por Ifá para saber que tipo de ebó deveria ser feito para que a travessia tivesse êxito. Ifá respondeu: Com Tudo. Imediatamente o guerreiro providenciou o material do Ebó e assim ele foi feito e colocado às margens do rio Òsun. Esperou, esperou e não houve efeito. Demorou, demorou e as águas não baixavam. Desesperado, o guerreiro gritou em voz alta: Eu já dei tudo, tudo já está dado, o que mais é preciso? Muito? Eu já dei tudo! Em dado momento, as águas começaram a baixar, baixar, baixar e o guerreiro e sua tropa atravessaram o rio e foram para outras aldeias, guerreando e tomando todas as terras do outro lado do rio.
Vitorioso, o guerreiro reuniu sua tropa e dirigiu-se para suas antigas terras. Tendo que atravessar o rio na volta para sua aldeia, encontrou-o novamente cheio e transbordando. Intrigado e revoltado, o guerreiro falou em voz alta: Estranho, fiz o ebó, já dei tudo que prometi e disse que jamais me arrependeria de ter dado tudo, jamais me arrependeria de tudo, o trato foi feito. Porém, nada aconteceu e as águas não baixaram. Esperaram, esperaram e as águas não baixaram. Cansado, o guerreiro foi novamente consultar por Ifá e para sua surpresa, o jogo respondeu que ele não havia dado tudo. Na ida ele não deu tudo mas na volta ele teria que dar tudo, caso desejasse voltar. O guerreiro já tinha obtido duas vitórias. A primeira foi atravessar o rio e a segunda, derrotar os inimigos e conquistar-lhes as terras. O guerreiro pensou, pensou e, em dado momento, lembrou-se que tinha uma filha e quando a menina nasceu, não tendo outro nome para dar à menina, pois sendo um rei e tendo tudo, chamou-a de Tudo.
O guerreiro, não podendo voltar atrás em sua promessa, no que havia preparado e pressionado pela exigência do cumprimento da palavra por sua tropa, foi obrigado a completar o prometido de entregar tudo ao rio. Assim, ele ordenou que tocassem os tambores o mais alto possível para chamar sua filha Tudo. Assim foi feito. Os tambores tocaram e tocaram. Tudo ouviu o chamado do pai e dirigiu-se às margens do rio. E, sem saber o que se passava, entrou no rio e desapareceu. Os tambores pararam de tocar e o silêncio foi geral. O guerreiro ordenou que todos ficassem de pé e então o rio começou a baixar e todos, em silêncio, atravessaram o rio. O guerreiro, não podendo arrepender-se, atravessou o rio de cabeça baixa. Ele já não tinha mais Tudo, sua única filha. As águas tinham levado. Assim, o guerreiro tornou-se o mais pobre pois já não tinha Tudo.
Moral da história: Quem tudo quer, tudo perde. Quem quer tudo, pode não ter nada. Devemos ter cuidado com o que falamos e as palavras devem ser medidas.
1. Quinzenas
As quinzenas são obrigações menores que duram normalmente dois ou três dias - a matança e o toque (Batuque) - é freqüentado por um número não muito grande de pessoas e geralmente estão associadas a alguma data comemorativa ou a obrigação de bori de filhos-de-santo do Ilê. Há o toque dos erís dos Orixás, as comidas-de-santo são ofertadas aos orixás e as tradicionais comidas servidas ao povo: canja, canjica branca e amarela, amalá. Por ser uma obrigação menor, exige um mínimo de aves a serem sacrificadas, cujo axorô e inhélas são ofertadas aos orixás. A carne das aves é consumida nos intervalos do toque do tambor, servida enfarofada ou na canja, comidas tradicionalmente ofertadas as pessoas que comparecem ao ebó. Há ainda as "quinzenas secas", quando não há sacrifício de animais. Os alimentos servidos ao povo são basicamente doces.Sendo as quinzenas obrigações menores, constituem em excelente oportunidade para a aprendizagem dos fundamentos do Batuque, dos Erís e da organização do Ebó.
2. Os Orixás Vão Para a Guerra
Realizada no período na semana santa, não ligada ao catolicismo, mas um período em que o mundo entra em luto pela crença católica. Por estar em luto a humanidade fica fragilizada e desprotegida, então se faz nos terreiros a obrigação de mandar os santos para guerra, Arriam-se novas oferendas, além de doces e flores em sinal de agradecimento e alegria pela volta dos Orixás, e pelo término do período de luto.
Geralmente acontece na quinta-feira santa á noite, os orixás que costumeiramente chegam, manifestam-se em seus filhos-de-cabeça, perto da porta da entrada do Ilê e com uma expressão mais pesada, com feições mais sérias, como se estivessem tristes. Recebem no Quarto-de-Santo um saquinho de tecido contendo grãos que simbolizam o axé e o alimento que serão necessários na guerra. Levam também todos os axés que estiverem arriados no Quarto-de-Santo, este permanecendo vazio até o sábado de aleluia em sinal de luto.
No sábado de aleluia, entorno dás 10:00 horas da manhã, abre-se o Quarto-de-Santo, o tamboreiro toca os Erís e os Orixás que foram para a guerra manisfestam-se novamente, simbolizando a chegada da guerra. São recepcionados com muita alegria, pois o período de guerra e de luto foi superado. Arriam-se novas oferendas, alem de doces e flores em sinal de agradecimento e alegria pela volta dos Orixás, e pelo término do período de luto.
3. A Entrega do Ano
Na concepção batuqueira, cada ano é regido por um orixá que é acompanhado por outros orixás. A determinação de qual orixá irá reger o ano é dada através do Jogo de Búzios. Esta limpeza é diferente das demais limpezas feitas durante o ano, pois é realizada com o axé de todos os orixás, mais 07 varas de marmelo. (que pertencem a Ogum, para cortar as demandas), a vassoura de Xapanã (de palha ou com 07 cores de tecido, para varrer as mazelas e feitiçarias) e com 01 ave do orixá que está entregando o ano. É feita à marcação dos que fizeram a limpeza e segurança amarrando-se ao pulso ou tornozelo um molho de linhas com as cores de todos os orixás, o que significa que o indivíduo está puro e seguro para enfrentar o ano que vai vir. Esta Limpeza é feita também nas pessoas comuns que freqüentam o Ilê.
Depois da Limpeza é feito o océ nos Orixás, limpeza das ferramentas, dos ocutás e de tudo o que pertencem aos Orixás. E finalmente é realizado o toque em homenagem aos Orixás que estão entregando o ano e aos orixás que irão reger o próximo. A água contida nas quartinhas dos Orixás são despachadas e trocadas por uma nova água, o que simboliza a renovação do axé. É uma obrigação com caráter festivo, porém não deixa de ter seu caráter religioso.
O Batuque no Rio Grande do Sul
Para um entendimento mais facilitado, teremos que traçar uma linha na África na altura do Golfo de Benin, onde encontraremos ao Sul os Bantos, que cultuavam além dos Orixás os espíritos dos antepassados mortos (é sabido que em Benguela, na Angola, existia um culto chamado de "orodere" semelhante ao conhecido "espiritismo", se compararmos hoje, a religião que cultua Orixás e espíritos de antepassados é a Umbanda, com seus pretos-velhos, caboclos e Orixás. Já ao Norte encontramos nosso alvo, os negros Sudaneses, que cultuavam os Orixás como os meios de ligação entre os homens e o Deus maior, Olorum, características da Nação, Batuque.
Para o Rio Grande do Sul desceram os negros da Costa da Guiné ou Nigéria, com suas Nações: Jeje, Ijexá, Oyó e Nagô. Como a escolha de ficar juntos ou não, não pertencia aos negros, estes eram misturados nos navios, havendo assim uma união de Nações, destacando-se suas peculiaridades. Nascendo assim outras nações: Jeje-Ijexá, Jeje-Oyó, Jeje-Nagô, e assim por diante.
Não podemos dar uma data certa ao nascimento do primeira Casa de Nação no Estado, mas segundo o professor e amigo Norton Corrêa, existem várias suposições que nos fazem chegar a mais ou menos 150 anos atrás, onde os documentos da época nos mostram que na Região de Rio Grande (entrada oficial de negros no Estado), existia uma grande concentração de negros livres, inclusive Nordestinos, este último fato não podemos desprezar, pois as semelhanças entre o Batuque e o Xangô de Pernambuco são muito grandes.
O Batuque é um culto afro-brasileiro (por que não dizer afro-gaúcho), com influência sudanesa, onde são cultuados 12 Orixás. Os Orixás são espíritos naturais, a própria encarnação da natureza, que se utilizam do Cavalo-de-Santo para se manifestar na terra, trazendo suas características sob influência da Mãe Natureza. Estes Orixás são: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. Podemos dividir estes Orixás em dois grandes grupos: os Azedos, de Bará até Xapanã e os Doces de Oxum a Oxalá, características estas que são representadas em suas oferendas e manifestações na terra, os azedos ao se manifestarem são mais bruscos e levam em suas frentes ou oferendas o Epô (azeite de dendê), já os doces quando chegam no mundo são suaves e na sua grande maioria mais velhos e o mel é o que melhor os representa, neste enfoque.
Ainda encontramos outros subgrupos identificados em alguns Orixás com o primeiro nome, seguido de um segundo, como por exemplo:
Bará:
Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, Bará Adaqui e Bará Agelú
Ogum:
Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum Adiolá
Iansã:
Iansã, Oiá Timboá e Oiá Dirã
Xangô:
Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô Agogô
Xapanã:
Xapanã Jubeteí, Xapanã Belujá, Xapanã Sapatá
Oxum:
Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum Docô
Iemanjá:
Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã Borocum
Oxalá:
Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia.
Estes segundos nomes dos Orixás poderemos explicar como se em nossa vida terrena, fosse uma classificação por idade ou até mesmo sua área de atuação. Existem ainda um terceiro nome que cada Orixá identifica no jogo de Búzios, este nome passa a ser a identificação secreta, que cabe apenas ao Pai-de-Santo, ao filho e ao Orixá obviamente, ficando o Orixá com três nomes: como por exemplo Bará Lodê Beí, este terceiro é o segredo. Os Orixás que não possuem a subdivisão, o segredo passa a ser o segundo nome, exemplo: Ossanha Ossí
Assim como nomes, cada Orixá tem seu tipo de ave, seu tipo de animal de quatro patas e seu tipo de oferenda.
O Orixá sem ser em festas ou obrigações (rituais) que veremos a seguir, se comunica com seus fiéis através do Ofá (jogo de Búzios), utilizando as mãos e intuição de um pai ou mãe-de-santo. O jogo de Búzios é a principal, eficaz e mais rápida ferramenta, de sabermos sobre o mundo, necessidades de homens e dos próprios Orixás, a fim de melhorar o andamento das coisas.
Toda pessoa ao nascer recebe um Orixá na cabeça, outro no corpo, este casamento de Orixás, da cabeça com o corpo, denominamos de Adjuntó, e em alguns casos nas pernas, pés e assim por diante, este Orixá é visualizado quando é jogado os búzios pelo Pai-de-Santo, que também ficará sabendo, normalmente neste jogo, se esta pessoa necessitará fazer alguma Obrigação religiosa ou apenas um simples trabalho, não tendo que se comprometer mais a fundo com a Religião.
A Família Batuqueira
Dentro de uma Casa de Religião (Batuque) encontramos uma verdadeira família, como as de padrão convencional. Em primeiro lugar encontramos o Pai ou Mãe-de-Santo, posição máxima, esta pessoa que através das ordens do seu Orixá de cabeça, organiza e aconselha a vida religiosa e muitas vezes material de seus filhos-de-santo, que são irmãos entre si, os irmãos-de-santo do Pai ou da Mãe, são os tios e assim por diante, como em nossa família.UMA PIADA PRA DESCONTRAIR
--Simulemos um fato: Imaginem duas pessoas brigando.
• Passando um filho de Ogum, ou ele passa direto e nem olha, ou já vai se meter na briga.
• Um filho de Xangô para, fica olhando, e já começa a reclamar. Coitado do baixinho! Por que será esta briga? Acho que aquele alto não tem razão. E pior, nem sabe brigar. É um fraco. E fica questionando.
• Um filho de Oxóssi para, senta no chão e, rindo, fica assistindo e se deleitando com a briga.
• Uma filha de Iemanjá chamaria os dois, colocaria suas cabeças em seu colo e os acalmaria recomendando paz.
• Uma filha de Iansã já reclamaria e chamaria a polícia.
Alguém perguntou:
_ E uma filha de Oxum, que faria?
Ele Respondeu:
_ Nada, e nem poderia. Os dois estavam brigando por causa dela.
LENDA DE AGANJÚ
AGANJÚ
Este Orixá representa tudo aquilo que sai. É a larva incandescente do vulcão, derramando-se de forma descontrolada sobre a terra, queimando e destruindo tudo o que encontra em seu caminho. É filho de Oroinã (a Voz do Vulcão) e de Arainã (O magma no interior da terra).
Está incluído na família de Xangô, embora não seja, na realidade, uma "qualidade" deste Orixá.
Encontramos num itan do Odu Iwori Meji, uma narrativa, segundo a qual, Aganjú, por não conseguir controlar sua incandescência, não podia aproximar-se de seus súditos para impor-lhes ordens e disciplina e, desta forma, seu reino vivia no mais absoluto caos, cada um fazia o que bem entendia e a desordem levava tudo à destruição inevitável.
Sabedor da existência de um poderoso monarca que não podia governar seu próprio reino, Xangô resolveu procurá-lo para colocar-se à sua disposição. Foi assim, que depois de dias incontáveis de viagem solitária, Xangô chegou ao reino de Aganjú.
Quando estava bem próximo, ainda no interior da floresta, Xangô ouviu vozes e, por medida de segurança tratou de esconder-se entre as árvores, para poder observar, sem ser notado, o que estava acontecendo.
Esgueirando-se, Xangô aproximou-se o mais que pode do local de onde provinham as vozes e viu, com grande espanto, um homem enorme, cujo corpo era constituído de larva incandescente.
Este estranho ser, deitado no colo de Oxun, vociferava, esbravejava e debatia-se furiosamente, enquanto a Iyagbá, jogando água sobre seu corpo em brasa, tentava acalmá-lo carinhosamente.
"Acalme-se – dizia Oxun – quanto mais zangado mais destrutivo você fica".
"Mas como posso ficar calmo se meu reino está numa desordem total?" Reverberava o gigante que, pelas características, Xangô já identificara como sendo Aganjú.
Foi então que, pressentindo a presença de um estranho. Aganjú bradou irritado:
"Quem está aí escondido entre as árvores? Mostre-se ou incendiarei tudo!"
Calmamente, Xangô saiu de seu esconderijo e, mostrando-se, falou: "Sou eu, Xangô, Rei de Oió!
"E quem te deu permissão para aproximar-se de meus domínios?" Perguntou Aganjú indignado.
"Permissão?" - Zombou Xangô – "e quem disse que eu preciso de permissão de alguém para ir onde me der vontade? Sou Xangô, rei de Oió e vou aonde quero e quando quero!"
Cada vez mais furioso, Aganjú respondeu: ‘Você não sabe a que perigo está se expondo com tanta ousadia! Sabe que posso transforma-lo em cinzas agora mesmo?"
"Transformar a mim, em cinzas? Mas como se posso, sempre que quero transformar-me em fogo? Logo se vê o quanto você é estúpido!"
E imediatamente, para espanto de Aganjú, Xangô transformou-se numa grande labareda.
"Está vendo? Também sou fogo, mas só quando quero." Mostrou o Orixá.
Sem nada entender, Aganjú, humilhado, limitou-se a perguntar:
"Afinal, o que você quer de mim? O que veio fazer no meu reino?"
"Vim oferecer-lhe ajuda"... – disse Xangô - ..."somente eu posso resolver os seus problemas".
"Mas como, resolver meus problemas?" Perguntou Aganjú novamente irritado.
Oxun, que a tudo assistia, limitava-se a jogar água sobre o gigante enfurecido, na tentativa de acalmá-lo. Divertia-se com a ousadia de Xangô e de alguma forma podia prever aonde o rei de Oió queria chegar.
"Não é verdade que o seu reino está em decadência devido a desordem que lá impera?" – perguntou o intruso – "Não é verdade ainda que sempre que você tenta se aproximar de alguém, para transmitir a sua vontade acaba incinerando o infeliz? "
"Sim, sim"... – balbuciou o outro, substituindo a ira pela curiosidade- ..."mas, de que maneira você pode em ajudar?"
"É muito simples" – afirmou Xangô, sentando-se sobre o que restava de um tronco de árvore calcinado por seu interlocutor. – "Basta que façamos um acordo que, diga-se de passagem, é muito mais interessante para você do que para mim".
Desconfiado, Aganjú perguntou: "Que tipo de acordo?"
"É simples..." - continuou Xangô - ...como você mesmo viu, posso, como você, transformar-me em fogo vivo. A diferença está no fato de que tenho absoluto poder de controle sobre este fenômeno, ao contrário do que acontece com você, que não consegue controlar o seu próprio poder. Desta forma, se me for dada autorização, poderei transmitir sua ordens aos seus súditos, sem causar-lhes nenhum dano."
O Filho do Vulcão pensou um pouco e, novamente acometido pela desconfiança, pediu uma explicação:
"Mas o problema é só meu e do meu povo... qual é o seu interesse em colocar meu reino em ordem?"
Brincando com seu machado de lâmina dupla, Xangô continuou em sua explanação.
"Sou rei de um país vizinho e temo que a desordem existente em seu reino alastre-se por toda a vizinhança e chegue aos meus domínios como uma doença contagiosa. É por isto que resolvi oferecer-lhe ajuda. Nenhum outro interesse, a não ser o de manter a segurança de meu próprio reino me traria diante de você".
Oxun, que já entendera as verdadeiras intenções do rei de Oió, limitava-se a esboçar um sorriso misterioso e mal disfarçado. Conhecia a fama de Xangô, sabia o quanto era astuto e que, por traz de tudo o que afirmava o visitante, alguma outra intenção estava escondida.
"Pois bem.. - disse Aganjú - ... e de que forma pagarei pelos seus serviços. Quanto me custará a intermediação que você me propõe fazer entre meu povo e seu rei?"
"Nada! Não lhe custará absolutamente nada!" - Afirmou Xangô desviando o olhar dos olhos abrasadores de Aganjú – Apenas exigirei que você passe a usar as mesmas insígnias que eu uso. Deves, a partir do momento em que nosso trato for oficialmente formalizado, adotar os mesmos símbolos que me representam e que, a partir de então, passarão também a representá-lo. O Oxe, machado de lâmina dupla, o xeré, chocalho que imita o ruído do trovão, fenômeno que também domino serão, a partir de então, símbolos comuns a nós dois.
Desta forma, seu povo, ao ver em minhas mãos as mesmas insígnias usadas por você, não contestará a minha autoridade e, reconhecendo os atributos, acatarão as ordens que a eles eu irei transmitir."
"Qual é a sua opinião Oxun?" Perguntou Aganjú à Iyagbá que já o deixara sozinho indo sentar-se ao lado de Xangô.
"Acho que é uma boa proposta e que você não pode perder esta chance de salvar seu país da destruição."
Enquanto expressava sua opinião, Oxun acariciava, maliciosamente, as tranças que adornavam a cabeça do Obá de Oió.
De um salto, Aganjú pôs-se de pé, no que foi imitado por Xangô. Aproximando-se pacificamente de seu novo aliado, abraçou-o com força enquanto dizia solenemente:
"Aceito a sua ajuda e comprometo-me, a partir de hoje, a usar os símbolos do seu poder."
Depois de retribuir o abraço do novo aliado, Xangô entregou-lhe um xeré e um oxe, partindo em seguida em direção ao reino de Aganjú onde, através do pacto formalizado, passaria a reinar, impondo suas leis e ordens, independente da vontade de seu legítimo rei.
É por isto que Aganjú usa as mesmas insígnias de Xangô que, usando de astúcia, assumiu, com o seu consentimento, o domínio sobre o seu povo.
Terça Feira
Existem momentos em que a vida dá uma parada...... destes momentos temos de tirar conclusões e estabelecer metas para crescer.
Mais uma Lenda
Olodumaré foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal na terra, apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olodumaré perguntou a eles se Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo.
Os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e projetos obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê (Iyáláòde), título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade.
Lendas.
Ao chegar perto do reino de Exu, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exu se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exu o cega e arde muito. Exu gritava de dor e dizia;
- Eu não enxergo nada, cadê meus búzioos?
Oxum fingindo preocupação, respondia:
- Búzios? Quantos são eles?
- Dezesseis, respondeu Exu, esfregandoo os olhos
- Ah! Achei um, é grande!
- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá...
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividi-lo com Exu.
Um pouco sobre o Orixá
Em algumas lendas é considerada a primeira filha de Iemanjá:
A Mãe das Águas não conseguia conceber e os babalaôs 1 pediram que fizesse um ebó no rio a cada cinco dias acompanhada de crianças e que levasse à cabeça um pote branco, onde colocaria água fresca para beber e se banhar. Iemanjá após engravidar continuou a fazer as obrigações pedidas pelos adivinhos, certo dia sentindo as contrações do parto, despediu-se das crianças e pariu Oxum sozinha.
No terceiro dia de sua existência o umbigo da pequena Oxum começou a sangrar e de nada valeram os cuidados da mãe para estancar tal quantidade de sangue. Mais uma vez, o oráculo foi consultado e aconselhou Iemanjá a banhar a criança na água fria e procurar Ogum.
O Senhor da forja pronto a ajudar foi ter com Ossaim 2 e a pedido deste colheu um tipo de erva e amacerou com pimenta verde e o entregou a Iemanjá, o remédio de Ogum curou a pequena Oxum. A primeira filha de Iemanjá cresceu sadia e exuberante. (Prandi; 2001:340)
Outra estória conta que apesar de Iemanjá ser esposa de Oxalá, teve um envolvimento com Orunmilá.
O senhor dos adivinhos desconfiado que a filha recém nascida da Iabá fosse fruto de sua paixão, pediu a seu amigo Exú que visitasse Iemanjá e verificasse se a menina possuía algum sinal na cabeça. O astuto Exú viu na cabeça da menina o sinal de Orunmilá e a levou para ser criada pelo pai. Orgulhoso da criança satisfez todas as suas vontades. Oxum, a filha querida de Orunmilá, cresceu vaidosa e caprichosa. (Prandi; 2001:320).
Elbein (1998: 85) afirma ser Oxum a Grande Mãe Ancestral Suprema:
“No tempo a criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun, Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar por cada uma das crianças criadas por Òrìsà que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela não estar dotada
de razão e não estar falando sua língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Òsun”.
Oxalá sendo um Orixá Branco têm por ewó (proibição) o sangue. Uma de suas mulheres, filha de Oxum, tinha por obrigação cuidar dos paramentos e ferramentas do Senhor da Paz. As outras duas mulheres com inveja da esposa dedicada resolveram prejudicar sua rival criando varias situações, porém a filha de
Oxum resolveu bem todas elas, inclusive a da coroa de Oxalá que foi jogada no mar e depois encontrada na barriga do peixe que ela comprou. Não desistindo, as invejosas armaram um derradeiro golpe, durante a festa de Oxalá quando a filha de Oxum levantou-se para pegar a coroa do Rei, as invejosas colocaram um preparado mágico no assento. Ao sentar-se a esposa preferida sentiu algo quente e pegajoso...Era
sangue, a única proibição do Orixá. Oxalá expulsou-a do castelo.
Com misericórdia de sua filha, Oxum recolheu-a e dela tratou banhando-a e vestindo-a. Ao ir limpar a bacia do banho, a poderosa mãe dos segredos percebeu que não havia mais sangue, só penas de um raríssimo papagaio-da-costa africano, penas edidé (ou ekodidé). Essas penas eram tão raras que o próprio Oxalá não as possuía. A sábia Mãe enfeitou sua filha com as preciosas penas e fê-la participar das festas. O Senhor da Paz sabendo que Oxum era proprietária de tais penas foi até sua casa e lá
encontrou sua esposa, que foi perdoada e em homenagem a esse episódio o único paramento vermelho de Oxalá.
Um mito cubano conta que os Orixás pretendiam destronar Olodumaré. Olorum sabendo de tal heresia tornou a terra seca fazendo com que não chovesse no Aiê. A Ajé transformou-se num pavão e resolveu ir a Olodumaré, que morava no Orum, levar o pedido dos já arrependidos Orixás. Todos os Orixás dela zombaram: como poderia tão frágil criatura chegar ao Pai?
Determinada, Oxum começou a voar e subir cada vez mais alto no céu, o Sol queimou-lhe as belas asas coloridas tornando-as negras e da sua cabeça enfeitada nada restou, mas ela não desistia e subia cada vez mais alto até que chegou ao Orum. Olorum compadecido perante tal sacrifício perdoou os Orixás, os homens e deu para Oxum, transformada num abutre, a chuva que fertiliza a Terra. Fez do abutre seu
mensageiro, pois só ele pode voar até a infindável distância de Olodumaré. (Prandi; 2001:341)
..................Só assim posso te descrever Mãe.
Graça clara
Mãe de clareza.
Enfeita seu filho com bronze
Fabrica fortuna na água
Cria crianças no rio.
Brinca com seus braceletes
Colhe e acolhe segredos...
Fêmea força que não se afronta
Fêmea de quem macho foge.
Na água funda se assenta profunda
Na fundura da água que corre.
Oxum do seio cheio
Ora Ieiê, me proteja
És o que tenho –
Me receba”.