terça-feira, 30 de junho de 2009

Um pouco sobre o Orixá

Oxum, a divindade que guarda o rio de mesmo nome nas águas nigerianas de Ijexá e Ijebu, é a Iabá mais encantadora, vaidosa, elegante, astuta e inteligente da mitologia iorubana.
Em algumas lendas é considerada a primeira filha de Iemanjá:
A Mãe das Águas não conseguia conceber e os babalaôs 1 pediram que fizesse um ebó no rio a cada cinco dias acompanhada de crianças e que levasse à cabeça um pote branco, onde colocaria água fresca para beber e se banhar. Iemanjá após engravidar continuou a fazer as obrigações pedidas pelos adivinhos, certo dia sentindo as contrações do parto, despediu-se das crianças e pariu Oxum sozinha.
No terceiro dia de sua existência o umbigo da pequena Oxum começou a sangrar e de nada valeram os cuidados da mãe para estancar tal quantidade de sangue. Mais uma vez, o oráculo foi consultado e aconselhou Iemanjá a banhar a criança na água fria e procurar Ogum.
O Senhor da forja pronto a ajudar foi ter com Ossaim 2 e a pedido deste colheu um tipo de erva e amacerou com pimenta verde e o entregou a Iemanjá, o remédio de Ogum curou a pequena Oxum. A primeira filha de Iemanjá cresceu sadia e exuberante. (Prandi; 2001:340)
Outra estória conta que apesar de Iemanjá ser esposa de Oxalá, teve um envolvimento com Orunmilá.
O senhor dos adivinhos desconfiado que a filha recém nascida da Iabá fosse fruto de sua paixão, pediu a seu amigo Exú que visitasse Iemanjá e verificasse se a menina possuía algum sinal na cabeça. O astuto Exú viu na cabeça da menina o sinal de Orunmilá e a levou para ser criada pelo pai. Orgulhoso da criança satisfez todas as suas vontades. Oxum, a filha querida de Orunmilá, cresceu vaidosa e caprichosa. (Prandi; 2001:320).
Elbein (1998: 85) afirma ser Oxum a Grande Mãe Ancestral Suprema:
“No tempo a criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun, Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar por cada uma das crianças criadas por Òrìsà que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela não estar dotada
de razão e não estar falando sua língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Òsun”.

Oxalá sendo um Orixá Branco têm por ewó (proibição) o sangue. Uma de suas mulheres, filha de Oxum, tinha por obrigação cuidar dos paramentos e ferramentas do Senhor da Paz. As outras duas mulheres com inveja da esposa dedicada resolveram prejudicar sua rival criando varias situações, porém a filha de
Oxum resolveu bem todas elas, inclusive a da coroa de Oxalá que foi jogada no mar e depois encontrada na barriga do peixe que ela comprou. Não desistindo, as invejosas armaram um derradeiro golpe, durante a festa de Oxalá quando a filha de Oxum levantou-se para pegar a coroa do Rei, as invejosas colocaram um preparado mágico no assento. Ao sentar-se a esposa preferida sentiu algo quente e pegajoso...Era
sangue, a única proibição do Orixá. Oxalá expulsou-a do castelo.
Com misericórdia de sua filha, Oxum recolheu-a e dela tratou banhando-a e vestindo-a. Ao ir limpar a bacia do banho, a poderosa mãe dos segredos percebeu que não havia mais sangue, só penas de um raríssimo papagaio-da-costa africano, penas edidé (ou ekodidé). Essas penas eram tão raras que o próprio Oxalá não as possuía. A sábia Mãe enfeitou sua filha com as preciosas penas e fê-la participar das festas. O Senhor da Paz sabendo que Oxum era proprietária de tais penas foi até sua casa e lá
encontrou sua esposa, que foi perdoada e em homenagem a esse episódio o único paramento vermelho de Oxalá.
Um mito cubano conta que os Orixás pretendiam destronar Olodumaré. Olorum sabendo de tal heresia tornou a terra seca fazendo com que não chovesse no Aiê. A Ajé transformou-se num pavão e resolveu ir a Olodumaré, que morava no Orum, levar o pedido dos já arrependidos Orixás. Todos os Orixás dela zombaram: como poderia tão frágil criatura chegar ao Pai?
Determinada, Oxum começou a voar e subir cada vez mais alto no céu, o Sol queimou-lhe as belas asas coloridas tornando-as negras e da sua cabeça enfeitada nada restou, mas ela não desistia e subia cada vez mais alto até que chegou ao Orum. Olorum compadecido perante tal sacrifício perdoou os Orixás, os homens e deu para Oxum, transformada num abutre, a chuva que fertiliza a Terra. Fez do abutre seu
mensageiro, pois só ele pode voar até a infindável distância de Olodumaré. (Prandi; 2001:341)

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